Você
conhece o Self Healing? Já escutou falar? Sabe do que se trata? E quanto ao
toque? Que importância damos ao toque? O que é exatamente o toque? Ele nos traz
algum benefício? O que expressamos através do toque? O que passamos através
dele? Qual, enfim, a relação entre o Self Healing e o toque?
Bom, são
muitas perguntas. Vamos tentar falar um pouco sobre este assunto.
Então,
para começar, vamos falar sobre o Self Healing.
Self
Healing é um método, como o nome diz, de autocura, utilizado para acionar as
forças inatas de cura do próprio corpo, em busca da saúde original, do bem-estar,
da qualidade de vida.
É, na
verdade, uma mudança de hábitos. Uma quebra de paradigmas, de padrões restritos
de movimento e pensamento. É uma renovação, a partir do momento em que
entendemos e assimilamos os seus princípios e a sua essência. É, finalmente,
uma filosofia de vida.
Foi
desenvolvido na década de setenta pelo Ucraniano Meir Schneider. Meir nasceu
cego, com catarata congênita, submetendo-se a cinco cirurgias sem sucesso até
os sete anos de idade. Foi alfabetizado em braile e possuía a carteira de
legalmente cego pelo estado de Israel.
Aos dezesseis
anos de idade, inconformado com sua situação, com a certeza em seu interior de
que poderia mudar seu quadro, conheceu o método de exercícios visuais do
oftalmologista americano, Dr Bates, e então resolveu iniciar tais exercícios,
porem percebeu que, ao cuidar do restante de seu corpo, além dos olhos, sua
visão cada vez apresentava-se melhor. Com isso, adicionou aos exercícios do Dr
Bates, também exercícios corporais baseados na yoga, Feldenkrais, além de
exercícios de visualização e outros exercícios desenvolvidos por si próprio de
acordo com suas respostas pessoais.
Com isso,
desenvolveu sua visão funcional, recuperando mais de 60% de sua visão em um ano.
E começou a passar adiante seus conhecimentos, sua experiência própria, quando,
na década de oitenta foi para São Francisco/CA, legalizou seu método e fundou a
School for Self Healing, na qual realiza até a data presente cursos de formação
no método, atendimentos, workshops e palestras, lá e em vários países.
Publicou
cinco livros em vários idiomas. O método foi trazido efetivamente para o Brasil
em 1989 através de Beatriz Nascimento, portadora de Distrofia Muscular
Progressiva e que se tornou uma excelente e ativa educadora do Método, até
hoje, uma pessoa que estava fadada a uma cadeira de rodas naquela época. Aqui
no Brasil foi fundada a Associação Brasileira de Self Healing, em São Paulo, em
2001.
O Método
trabalha baseado em alguns princípios, dentre eles, um corpo não funciona bem
em estado de tensão, portanto, o relaxamento é imprescindível para um corpo
saudável. Possuímos em média 600 músculos em nosso corpo e só utilizamos em
nosso dia a dia, efetivamente, em torno de 50 a 60 destes músculos. Devemos
potencializar a utilização do sistema musculo esquelético, fazer movimentos e
atividades não usuais, bem como ativar em potencial o nosso sistema nervoso
central e periférico. Através da respiração profunda, suave e completa nutrimos
mais as células de nosso corpo, dando-lhes energia por meio do oxigênio, e
assim teremos todos os sistemas funcionando de forma mais saudável. Devemos
aprender a ativar o nosso sistema nervoso central através da visualização, ou
seja, melhorar a funcionalidade do mesmo levando o input do que consideramos o
“correto” ao cérebro. Através da visualização e dos movimentos não usuais
estimulamos a plasticidade neural. E por fim, um corpo necessita distribuir bem
o oxigênio trazido à circulação, bem como todos os outros nutrientes trazidos
através de hábitos saudáveis de alimentação, e isso podemos conseguir através
da massagem.
Então, ao
trabalharmos com o Método, além da mudança de hábitos em relação à alimentação,
pensamentos, ambiente etc, utilizamos quatro ferramentas, que são elas:
respiração, movimento, massagem e visualização. Todas estas ferramentas devem
ser introduzidas em nosso dia a dia, fazendo parte integral de nossa vida.
Há os
princípios utilizados para uma visão saudável que serão abordados em outro
artigo, para não nos estendermos mais do que já nos estendemos neste momento.
E o
toque, sua relação com o Self Healing? Como vimos, utilizamos a massagem, falamos
de estímulo à circulação e relaxamento.
Mas um princípio que não citei anteriormente e é de importância
fundamental no Método é a consciência corporal. Para termos um corpo
funcionando bem, precisamos conhecê-lo, percebê-lo, entendê-lo, precisamos ter
uma relação estreita com o mesmo, afinal de contas ele nos pertence, só a nós.
Assim, percebemos e entendemos seus sinais a todo momento e agimos de forma
rápida e segura para não deixar com que as lesões, as disfunções ocorram.
Bom,
então chegamos onde pretendíamos, no toque. Porque será que o toque relaxa,
estimula a consciência corporal, ativa a circulação como citado? Será que
utilizamos o toque somente para isso no Self Healing?
Não
necessariamente. Tantas coisas acontecem durante uma sessão de Self Healing
onde se utiliza o toque. Relaxamento, ativação, consciência e extravasamento de
emoções, além de um estreitamento, uma relação de confiança entre terapeuta e
paciente.
Esse é o
poder do toque.
Segundo
Meir Schneider a massagem é uma boa ocasião, um belo presente, um gesto de amor
e um instrumento de cura. Ele ainda relata que a massagem é uma habilidade
antiga e respeitada, cujo valor foi temporariamente subestimado em nossa
sociedade fóbica ao contato físico. Meir também estimula a prática da
automassagem, pois, segundo ele, é um exercício mental maravilhoso de
autoaceitação. É uma maneira formidável para dar-se a você próprio. É, também,
um treino excelente para aprender a identificar-se com a carne sob seus dedos –
uma parte necessária da verdadeira cura.
Ao
permitir a outra pessoa tocá-lo, acrescenta Meir, durante uma hora ou mais, com
a intenção de aliviar sua tensão e dor, você sai com a sensação de ter sido
cuidado com ternura, e todos nós necessitamos disso.
“O maior sentido de
nosso corpo é o tato. Provavelmente, é o mais importante dos sentidos para os processos
de dormir e acordar; informa-nos sobre a profundidade, a espessura e a forma;
sentimos, amamos e odiamos, somos suscetíveis e tocados em virtude dos corpúsculos
táteis de nossa pele.” (J. Lionel Tayler, 1921)
A pele,
como uma roupagem contínua e flexível, envolve-nos por completo. É o mais
antigo e sensível de nossos órgãos, nosso primeiro meio de comunicação, nosso
mais eficiente protetor. O corpo todo é recoberto pela pele. A pele é o mais
extenso órgão do sentido de nosso corpo e o sistema tátil é o primeiro sistema
sensorial a tornar-se funcional em todas as espécies.
A pele
responde aos sentidos e emoções, como exemplo, quando sentimos prazer ficamos arrepiados.
O tato nos confere a sensação da realidade. Através da pele e do tato, sentimos
frio, calor, ardência, dor, queimação, reagimos às emoções, sentimos prazer.
Através
do toque terapêutico podemos desde acalmar bebês chorosos até curar lesões e distúrbios
funcionais de diversos tipos.
Pesquisas comprovam que o ato de tocar é
destacado como uma necessidade biológica, que influencia no comportamento e na
inteligência e é fundamental para o desenvolvimento do ser humano,
principalmente na infância quando a autoestima da criança e a capacidade de
interação social são estabelecidas. Pesquisas comprovam, também, que crianças
que são tocadas nos primeiros anos de vida, desenvolvem mais células de defesa,
tem melhor funcionamento de seu sistema imunológico.
A linguagem dos sentidos, na qual podemos ser
todos socializados, é capaz de ampliar a valorização do outro e do mundo em que
vivemos. Tocar é de significado fundamental para o desenvolvimento físico e
comportamental assim como de relacionamentos emocionais, afetivos e sociais
saudáveis.
Através do toque ocorrem mudanças nos impulsos
eletroquímicos. Existem mais de meia dúzia de tipos de receptores sensoriais na
pele, que são ativados eletricamente quando estimulados. Os sinais táteis
emitidos pela pele passam pela medula espinhal e daí para a região somestésica
do cérebro onde, basicamente, estimulam os neurônios do giro pós-central, no
ponto em que este mergulha no giro pré-central, para aí estabelecer relações
não só com os neurônios das seis camadas do giro pós-central, como também com a
área posterior somestésica do giro pós-central. As mudanças elétricas e
químicas envolvidas devem servir para sugerir como o tato, em todas as suas
formas, tem possibilidade de afetar o organismo vivo.
“...Uma vez que o toque é sempre
individualizado, as comunicações interpessoais efetuadas por meio de toque
serão provavelmente significativas de uma maneira que a linguagem verbal não
consegue alcançar.” (Reva Rubin)
O
filósofo Immanuel Kant chamava a mão de o cérebro humano externo, e o psicólogo
G. Revesz observou que a mão é frequentemente mais inteligente e dotada de
maior energia criativa que a cabeça, e que a mão representa o símbolo e o
modelo de todas as ferramentas.
De acordo
com Tiffany Field, a massagem terapêutica reduz o cortisol, hormônio ligado ao
estresse, e aumenta a produção de dois neurotransmissores, a dopamina (que
estimula a atividade do sistema nervoso central) e a serotonina (responsável,
entre outras funções, pela liberação de diversos hormônios e associada ao
estado de felicidade).
Bom,
diante disso, percebemos a importância do toque em nosso dia a dia, seja o
toque terapêutico, o toque amigo, o toque amoroso, o toque fraterno, seja qual
for o tipo de toque, seus benefícios são infindáveis.
Texto
escrito por Sandra São Thiago da C. Pereira
Educadora
do Método Meir Schneider Self Healing®
Fontes:
Tocar: O significado humano da pele (Ashley Montagu)
Manual de Autocura vol I (Meir Schneider)
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