Curso Self-Healing Nível II

Curso Self-Healing Nível II
Sandra São Thiago e Meir Schneider

terça-feira, 29 de março de 2016

O MÉTODO MEIR SCHNEIDER SELF HEALING® E AS DOENÇAS NEUROMUSCULARES DEGENERATIVAS

Através das ferramentas utilizadas no método Meir Schneider Self Healing® - respiração, visualização, massagem/automassagem e movimento - busca-se o equilíbrio entre corpo e mente, potencializando a utilização com qualidade dos sistemas musculoesqueletico e nervoso. Um dos princípios fundamentais do método é a consciência çorporal, princípio importante no tratamento das desordens neuromusculares progressivas. Através do desenvolvimento da consciência corporal é possível reconhecermos nossos limites afim de prevenirmos a ocorrência de fadiga muscular, como também percebermos quando algo não se encontra bem em nosso corpo, como por exemplo, a presença de dores, espasmos musculares, fraqueza muscular dentre outros. A utilização dos princípios do método em nosso dia a dia é um caminho para a ativação das forças inatas de cura de nosso corpo, desta forma, garantindo a melhoria da função e consequentemente a melhoria da qualidade de vida.
Nas doenças neurodegenerativas, a utilização destas técnicas e destes princípios é fundamental para o processo de cura. Cura esta não traduzida no sentido exato da palavra, e sim, sinônimo de melhora da função. Em realidade, o Self Healing - Autocura, é uma mudança nos hábitos de vida. Ele nos desperta o prazer de cuidarmos de nós mesmos, de olharmos para dentro de nós mesmos e constantemente nos perguntarmos "O que estou fazendo por mim? Estou cuidando com carinho da ferramenta mais importante que tenho, que é meu corpo? E minha mente, como anda?"
No Método são utilizados toques específicos de massagem, que, em sua maioria, produzem uma vibração no interior dos tecidos, estimulando a atividade celular. Também são utilizadas técnicas de visualização, onde procuramos visualizar o que desejamos, seja um movimento ou uma imagem. Como exemplo, ao sentir dificuldade em realizar determinado movimento em um membro, devido à fraqueza muscular decorrente de uma desordem neurológica, visualizamos a repetição do movimento com precisão e leveza, e então, tentamos realizar efetivamente o movimento, ou seja, ensinamos nosso cérebro a executar o movimento. Utilizamos, também, técnicas de respiração, a fim de potencializarmos a mesma para que seja garantida a distribuição de oxigênio por todo nosso corpo. Associamos à respiração, frequentemente, a visualização, direcionando o oxigênio inspirado. E, como já dizia Feldenkrais, "Movimento é vida e vida é movimento", devemos manter nosso corpo em movimento constantemente, a fim de mantermos o metabolismo muscular, o tônus, a força, o trofismo, a elasticidade muscular, e também a mobilidade articular.
O Método Meir Schneider Self Healing trabalha com o princípio da utilização de músculos subutilizados no dia a dia, isto é, segundo Meir Schneider, temos em torno de 600 músculos em nosso corpo, e em nossas atividades rotineiras utilizamos em média apenas 50 destes músculos. Também o princípio do isolamento muscular, ou seja, levar o movimento para as extremidades afim de utilizarmos apenas os grupos musculares necessários para tal, poupando principalmente os músculos do tronco para diminuirmos o gasto de energia durante o movimento e assim, nos prevenirmos da fadiga muscular.
Nas doenças neuromusculares de caráter degenerativo, nos casos em que são afetados os neurônios sensitivos, a utilização das técnicas de massagem do método é fundamental, a fim de que sejam estimulados os recetores sensorias musculares e cutâneos. Na prática do método utilizamos muitos exercícios circulares, que propiciam o estímulo aos proprioceptores (receptores profundos) principalmente situados nas capsulas articulares e ligamentos, que com o movimento articular em círculo são acionados.
Vê-se, desta forma, que o Método Meir Schneider Self Healing consiste em uma ferramenta extremamente útil nos casos de doenças neurodegenerativas, seja pelo controle da fadiga muscular, pelo estimulo sensorial, pelo estimulo ao metabolismo muscular, da circulação sanguínea, dentre outros ja mencionados anteriormente. Principalmente, vê-se sua importância no auxílio ao desenvolvimento ou retomada da consciência corporal, fator importante no controle dos sinais e sintomas das doenças nerodegenerativas.
Através do Método, conseguimos adquirir e manter melhor qualidade de vida e maior independência funcional, bem como retardar a progressão das doenças neurodegenerativas.
O Método trabalha o indivíduo de forma sistêmica, integrando corpo (incluindo exercícios visuais) e mente.
Os atendimentos são realizados por Educador habilitado no Método, certificado pelo próprio Meir Schneider; são individuais ou em grupo, com duração de 1h15min/sessão.
Maiores informações: www.absh.org.br; www.maosquecuidamcomamor.blogspot.com
Texto escrito por Sandra São Thiago da C. Pereira - Fisioterapeuta e Educadora do Método Meir Schneider Self Healing, em 04 de Fevereiro de 2014, revisado em 29 de Março de 2016.

sábado, 26 de março de 2016

O SELF HEALING E O TOQUE

Você conhece o Self Healing? Já escutou falar? Sabe do que se trata? E quanto ao toque? Que importância damos ao toque? O que é exatamente o toque? Ele nos traz algum benefício? O que expressamos através do toque? O que passamos através dele? Qual, enfim, a relação entre o Self Healing e o toque?
Bom, são muitas perguntas. Vamos tentar falar um pouco sobre este assunto.
Então, para começar, vamos falar sobre o Self Healing.
Self Healing é um método, como o nome diz, de autocura, utilizado para acionar as forças inatas de cura do próprio corpo, em busca da saúde original, do bem-estar, da qualidade de vida.
É, na verdade, uma mudança de hábitos. Uma quebra de paradigmas, de padrões restritos de movimento e pensamento. É uma renovação, a partir do momento em que entendemos e assimilamos os seus princípios e a sua essência. É, finalmente, uma filosofia de vida.
Foi desenvolvido na década de setenta pelo Ucraniano Meir Schneider. Meir nasceu cego, com catarata congênita, submetendo-se a cinco cirurgias sem sucesso até os sete anos de idade. Foi alfabetizado em braile e possuía a carteira de legalmente cego pelo estado de Israel.
Aos dezesseis anos de idade, inconformado com sua situação, com a certeza em seu interior de que poderia mudar seu quadro, conheceu o método de exercícios visuais do oftalmologista americano, Dr Bates, e então resolveu iniciar tais exercícios, porem percebeu que, ao cuidar do restante de seu corpo, além dos olhos, sua visão cada vez apresentava-se melhor. Com isso, adicionou aos exercícios do Dr Bates, também exercícios corporais baseados na yoga, Feldenkrais, além de exercícios de visualização e outros exercícios desenvolvidos por si próprio de acordo com suas respostas pessoais.
Com isso, desenvolveu sua visão funcional, recuperando mais de 60% de sua visão em um ano. E começou a passar adiante seus conhecimentos, sua experiência própria, quando, na década de oitenta foi para São Francisco/CA, legalizou seu método e fundou a School for Self Healing, na qual realiza até a data presente cursos de formação no método, atendimentos, workshops e palestras, lá e em vários países.
Publicou cinco livros em vários idiomas. O método foi trazido efetivamente para o Brasil em 1989 através de Beatriz Nascimento, portadora de Distrofia Muscular Progressiva e que se tornou uma excelente e ativa educadora do Método, até hoje, uma pessoa que estava fadada a uma cadeira de rodas naquela época. Aqui no Brasil foi fundada a Associação Brasileira de Self Healing, em São Paulo, em 2001.
O Método trabalha baseado em alguns princípios, dentre eles, um corpo não funciona bem em estado de tensão, portanto, o relaxamento é imprescindível para um corpo saudável. Possuímos em média 600 músculos em nosso corpo e só utilizamos em nosso dia a dia, efetivamente, em torno de 50 a 60 destes músculos. Devemos potencializar a utilização do sistema musculo esquelético, fazer movimentos e atividades não usuais, bem como ativar em potencial o nosso sistema nervoso central e periférico. Através da respiração profunda, suave e completa nutrimos mais as células de nosso corpo, dando-lhes energia por meio do oxigênio, e assim teremos todos os sistemas funcionando de forma mais saudável. Devemos aprender a ativar o nosso sistema nervoso central através da visualização, ou seja, melhorar a funcionalidade do mesmo levando o input do que consideramos o “correto” ao cérebro. Através da visualização e dos movimentos não usuais estimulamos a plasticidade neural. E por fim, um corpo necessita distribuir bem o oxigênio trazido à circulação, bem como todos os outros nutrientes trazidos através de hábitos saudáveis de alimentação, e isso podemos conseguir através da massagem.
Então, ao trabalharmos com o Método, além da mudança de hábitos em relação à alimentação, pensamentos, ambiente etc, utilizamos quatro ferramentas, que são elas: respiração, movimento, massagem e visualização. Todas estas ferramentas devem ser introduzidas em nosso dia a dia, fazendo parte integral de nossa vida.
Há os princípios utilizados para uma visão saudável que serão abordados em outro artigo, para não nos estendermos mais do que já nos estendemos neste momento.
E o toque, sua relação com o Self Healing? Como vimos, utilizamos a massagem, falamos de estímulo à circulação e relaxamento.  Mas um princípio que não citei anteriormente e é de importância fundamental no Método é a consciência corporal. Para termos um corpo funcionando bem, precisamos conhecê-lo, percebê-lo, entendê-lo, precisamos ter uma relação estreita com o mesmo, afinal de contas ele nos pertence, só a nós. Assim, percebemos e entendemos seus sinais a todo momento e agimos de forma rápida e segura para não deixar com que as lesões, as disfunções ocorram.
Bom, então chegamos onde pretendíamos, no toque. Porque será que o toque relaxa, estimula a consciência corporal, ativa a circulação como citado? Será que utilizamos o toque somente para isso no Self Healing?
Não necessariamente. Tantas coisas acontecem durante uma sessão de Self Healing onde se utiliza o toque. Relaxamento, ativação, consciência e extravasamento de emoções, além de um estreitamento, uma relação de confiança entre terapeuta e paciente.
Esse é o poder do toque.
Segundo Meir Schneider a massagem é uma boa ocasião, um belo presente, um gesto de amor e um instrumento de cura. Ele ainda relata que a massagem é uma habilidade antiga e respeitada, cujo valor foi temporariamente subestimado em nossa sociedade fóbica ao contato físico. Meir também estimula a prática da automassagem, pois, segundo ele, é um exercício mental maravilhoso de autoaceitação. É uma maneira formidável para dar-se a você próprio. É, também, um treino excelente para aprender a identificar-se com a carne sob seus dedos – uma parte necessária da verdadeira cura.
Ao permitir a outra pessoa tocá-lo, acrescenta Meir, durante uma hora ou mais, com a intenção de aliviar sua tensão e dor, você sai com a sensação de ter sido cuidado com ternura, e todos nós necessitamos disso.
O maior sentido de nosso corpo é o tato. Provavelmente, é o mais importante dos sentidos para os processos de dormir e acordar; informa-nos sobre a profundidade, a espessura e a forma; sentimos, amamos e odiamos, somos suscetíveis e tocados em virtude dos corpúsculos táteis de nossa pele.” (J. Lionel Tayler, 1921)
A pele, como uma roupagem contínua e flexível, envolve-nos por completo. É o mais antigo e sensível de nossos órgãos, nosso primeiro meio de comunicação, nosso mais eficiente protetor. O corpo todo é recoberto pela pele. A pele é o mais extenso órgão do sentido de nosso corpo e o sistema tátil é o primeiro sistema sensorial a tornar-se funcional em todas as espécies.
A pele responde aos sentidos e emoções, como exemplo, quando sentimos prazer ficamos arrepiados. O tato nos confere a sensação da realidade. Através da pele e do tato, sentimos frio, calor, ardência, dor, queimação, reagimos às emoções, sentimos prazer.
Através do toque terapêutico podemos desde acalmar bebês chorosos até curar lesões e distúrbios funcionais de diversos tipos.
Pesquisas comprovam que o ato de tocar é destacado como uma necessidade biológica, que influencia no comportamento e na inteligência e é fundamental para o desenvolvimento do ser humano, principalmente na infância quando a autoestima da criança e a capacidade de interação social são estabelecidas. Pesquisas comprovam, também, que crianças que são tocadas nos primeiros anos de vida, desenvolvem mais células de defesa, tem melhor funcionamento de seu sistema imunológico.
A linguagem dos sentidos, na qual podemos ser todos socializados, é capaz de ampliar a valorização do outro e do mundo em que vivemos. Tocar é de significado fundamental para o desenvolvimento físico e comportamental assim como de relacionamentos emocionais, afetivos e sociais saudáveis.
Através do toque ocorrem mudanças nos impulsos eletroquímicos. Existem mais de meia dúzia de tipos de receptores sensoriais na pele, que são ativados eletricamente quando estimulados. Os sinais táteis emitidos pela pele passam pela medula espinhal e daí para a região somestésica do cérebro onde, basicamente, estimulam os neurônios do giro pós-central, no ponto em que este mergulha no giro pré-central, para aí estabelecer relações não só com os neurônios das seis camadas do giro pós-central, como também com a área posterior somestésica do giro pós-central. As mudanças elétricas e químicas envolvidas devem servir para sugerir como o tato, em todas as suas formas, tem possibilidade de afetar o organismo vivo.
“...Uma vez que o toque é sempre individualizado, as comunicações interpessoais efetuadas por meio de toque serão provavelmente significativas de uma maneira que a linguagem verbal não consegue alcançar.” (Reva Rubin)
O filósofo Immanuel Kant chamava a mão de o cérebro humano externo, e o psicólogo G. Revesz observou que a mão é frequentemente mais inteligente e dotada de maior energia criativa que a cabeça, e que a mão representa o símbolo e o modelo de todas as ferramentas.
De acordo com Tiffany Field, a massagem terapêutica reduz o cortisol, hormônio ligado ao estresse, e aumenta a produção de dois neurotransmissores, a dopamina (que estimula a atividade do sistema nervoso central) e a serotonina (responsável, entre outras funções, pela liberação de diversos hormônios e associada ao estado de felicidade).
Bom, diante disso, percebemos a importância do toque em nosso dia a dia, seja o toque terapêutico, o toque amigo, o toque amoroso, o toque fraterno, seja qual for o tipo de toque, seus benefícios são infindáveis.

Texto escrito por Sandra São Thiago da C. Pereira
Educadora do Método Meir Schneider Self Healing®
Fontes: Tocar: O significado humano da pele (Ashley Montagu)

                           Manual de Autocura vol I (Meir Schneider)